Aikido, Gleason Sensei, Método Meir Schneider de Self-Healing e mudança de paradigmas.
O Aikido é uma arte marcial que busca a harmonia espiritual. Ao menos foi isso que aprendemos desde os primeiros instantes em que tomamos contanto com a arte, ao descobrir que Ai significa amor universal, harmonia, Ki significa espírito, o élan que põe nossos corpos em movimento, ou, num sentido mais amplo, o divino e o transcendental e Do significa o caminho que nos leva a essa harmonia com o divino.
A partir desse momento, aprendemos que devemos nos harmonizar com o oponente e não tentar subjugá-lo com nossa técnica ou, muito pior, com nossa força, numa verdadeira demonstração de “Musclidô” (perdoem-me os mais puristas da língua pelo neologismo que tomei emprestado do Professor Frank).
Recentemente, ao participar da continuação de meus estudos no Método Meir Schneider de Self-Healing (pra definir Meir Schneider em poucas palavras, por meio do uso adequado de seu corpo e de seus olhos, ele partiu de uma condição de alguém legalmente cego até os dezessete anos para alguém que, hoje, possui uma carteira de motorista sem restrição visual), tive oportunidade de relacionar alguns dos princípios desse método com a prática do Aikido e com as palavras de William Gleason Sensei, em seminário que ministrou no Aizen Dojo há pouco tempo em Brasília.
Para Gleason Sensei, antes de se preocupar em se harmonizar com o outro, cada um deve se preocupar em se harmonizar consigo próprio e é aqui que inicio a relação entre as duas práticas.
Um dos princípios basilares do Método Meir Schneider é o relaxamento e se você já teve oportunidade de praticar com um uke (pessoa que cede seu corpo para que o nage aplique a técnica) tenso, sabe bem o que é isso. Pior ainda, se você é um uke tenso, já deve ter percebido, por exemplo, que seus ukemis (rolamentos) normalmente saem meio “quadrados”.
Se você não sente nenhuma tensão, isso não significa, acredite, que é uma pessoa relaxada. A tensão mais devastadora que um corpo humano pode sofrer é aquela tão arraigada que sequer temos mais consciência dela.
Outro princípio é o da realização de movimentos que aproveitem ao máximo o potencial das articulações e músculos, movimentos esses que, muitas vezes, são inusitados para o corpo humano. “Ok...” você deve estar pensando... “é só o que fazemos no Aikido”.
Acredite: não é. Muitas vezes, por mais que o Aikido e o corpo humano possibilitem uma variedade de movimentos aos quais os não-praticantes não estão habituados, ainda assim podemos utilizar nossos corpos de modo que sobrecarreguem um grupo limitado de músculos e articulações. Para dar um exemplo ilustrativo (respeitada a limitação que essas linhas permitem) alguma vez você já correu de costas ou de lado, ao invés de para a frente? Ou, ainda, já cogitou fazer girar, sem auxílio das mãos, seus dedos dos pés, um de cada vez?
A respiração também é parte importante do Método Meir Schneider de Self-Healing. Num adulto, a capacidade pulmonar total é de cerca de 6 litros, mas apenas meio litro é trocado por eles com o meio ambiente e – pasmem – apenas setenta por cento desse meio litro chega aos alvéolos. Às vezes, encontramos pessoas que imaginam que inspirar por 8 segundos, reter o ar por outros 8 e soltá-lo durante outro intervalo de 8 segundos é um esforço hercúleo.
Ok... você deve estar pensando que respira adequadamente... mas já reparou como, por exemplo, durante uma avaliação de Aikido, você pode ficar completamente exausto e ofegante, quando seu Sensei, demonstrando as mesmas técnicas, durante o mesmo período (ou até mesmo período mais longo) parece que nem sequer transpira?
A consciência cinestésica (por meio do movimento) também é parte importante do método e você deve estar pensando que relevância isso pode ter em sua prática de Aikido, pois, provavelmente, já possui uma boa consciência dos movimentos que pratica. Sugiro que pratique apertar uma bola de tênis com as mais diversas partes de seu pé direito durante dois minutos (acredite, você encontrará pontos bastante doloridos que nem sabia que existiam) e depois compare o modo como os dois pés tocam o solo para ter uma noção do que estou falando.
Mas afinal, por que estou falando tanto desse método e da ligação que ele pode vir a ter com sua prática de Aikido? Porque ele foi desenvolvido por seu criador para auxiliar na reeducação de pessoas portadoras de distúrbios graves – e tidas como incuráveis pela medicina – como esclerose múltipla, distrofia muscular, poliomielite, artrite reumatóide, degeneração da mácula, apresentando resultados espetaculares. Imagine então, o que podem fazer por alguém saudável e praticante de artes marciais como você!
Caso tenha ficado interessado, podemos estudar juntos a ligação entre essas duas práticas. Se o Aikido é um caminho, e acredito que o Método Meir Schneider também o seja, é melhor ter companheiros na jornada do que trilhá-la sozinho.