Matar com uma faca emprestada

cultura chinesa

Estratagema chines no. 3
Eliminar o oponente usando um agente externo (estratagema do "testa de ferro"); prejudicar alguém indiretamente sem se expor (estratagem do alibi ou substituto).
Ao usar essa estratégia, também se está tentando "Transferir a culpa para outra pessoa".

Durante o período dos Estados Guerreiros (403-221 a.C.), quando Tício tornou-se pela primeira vez o governante do Estado de Chu, ele nomeou Mévio como seu ministro-chefe e os auxiliares Caio, Lucio e Augusto, para ajudar a governar o estado. Certa vez, Caio foi enviado para comandar um exército contra o Estado de Wu. Ele conseguiu uma estrondosa vitória e capturou muitos soldados. O imperador Tício ficou muito satisfeito com ele e, como prêmio, deu-lhe metade dos prisioneiros e fez dele seu confidente. Augusto ficou com invejada consideração do imperador para com Caio, de modo que instigou Lúcio a tramar contra Caio. Assim, Lúcio disse ao ministro-chefe Mévio: "Caio pretende dar um banquete. Ele me enviou para fazer um convite a Vossa Excelência. Vossa Excelência gostaria de comparecer ao banquete?"

Mévio aceitou o convite. Por outro lado, Augusto foi até Caio e disse: "O ministro-chefe pretende beber em sua casa. Você concordaria em ser o anfitrião e permitir que todos nos divertíssemos juntos?" Sem saber que aquilo era uma armadilha preparada contra ele, Caio respondeu: "Eu sou subordinado a ele”. É uma grande honra poder convidar o ministro-chefe para ir à minha casa. Vamos fazer isso amanhã. Vou preparar um grande banquete. Por favor, avise Sua Excelência.

Augusto perguntou, então: "Já que o ministro-chefe vai à sua casa, que presente você preparou para ele?" Diante daquilo, Caio hesitou: "É um problema. Eu não sei do que Sua Excelência gosta." Augusto aproveitou a oportunidade para atrair Caio para a sua trama.

"Bem, de acordo com as minhas fontes", Augusto fez uma pausa de propósito, e depois continuou, "Sua Excelência é o ministro-chefe. Ele tem tudo, de belas mulheres a riqueza. No entanto, ele se interessa muito por armaduras poderosas e armas potentes. Ele me deu a entender que tem inveja das armaduras e das armas de Wu que você conseguiu. A principal intenção de ir à sua casa é dar uma olhada nos seus bens."

"É muito fácil", respondeu Caio. Mandou, então, que seus homens apanhassem os bens que ele obtivera com a batalha contra Wu. Para mostrar seu entusiasmo, Augusto até ajudou-o a escolher cem das melhores e mais poderosas armaduras e armas. Augusto disse, então, a Caio: "Essas devem ser suficientes. Coloque todas essas do lado de fora de sua porta. Quando Sua Excelência chegar, vai perguntar a você por elas, e você mostra as suas armaduras e armas. Eu não acho que ele vá aceitar outros presentes."

Caio acreditou nas palavras de Augusto e mandou que seus homens colocassem as armas e armaduras escolhidas do lado de fora da porta, cobertas com um grande pano. No dia seguinte, Caio preparou um pomposo banquete e pediu que Augusto convidasse Mévio. Mévio estava preparado para ir, mas Augusto lhe disse: "Ultimamente, Caio tem estado muito arrogante. Ele não disse o motivo para esse banquete. Nós não devíamos subestimar essa pessoa. Primeiro, deixe-me ir dar uma olhada nos preparativos para o banquete. Vossa Excelência iria depois. Assim será mais seguro para Vossa Excelência.”

"Está bem. Primeiro você vai dar uma olhada", disse Mévio. Augusto saiu para a rua e ficou por ali certo tempo. Depois, voltou cambaleando para a casa do ministro-chefe. Fingiu estar com certa dificuldade para respirar e disse, num tom que demonstrava preocupação: "Pensei que não pudesse voltar a tempo! Descobri que Caio tem um motivo inconfessado para esse banquete. Ele pretende matar Vossa Excelência! Eu vi que ele escondeu muitas armas do lado de fora da casa dele. Se Vossa Excelência comparecer ao banquete, irá cair na armadilha preparada por ele."

Quando Mévio ouviu aquilo, ficou desconfiado e disse: "Eu tenho relações de amizade com Caio. Ele não tem razão para tramar contra mim." Augusto tentou semear a discórdia, dizendo: "Desde a vitoriosa batalha de Caio contra Wu, ele caiu nas graças do imperador. Todo mundo sabe, exceto Vossa Excelência, que ele sempre cobiçou o cargo de ministro-chefe. Lúcio e eu temos nos protegido contra ele. Pense nisso: durante a batalha com Wu, Caio podia ter lutado até o fim e destruído Wu por inteiro. No entanto, ele apenas capturou alguns soldados e voltou para casa. Correu o rumor de que o Estado de Wu ofereceu a ele uma vultosa soma em dinheiro e, por isso, houve uma conspiração no sentido de que ele voltaria apenas com alguns prisioneiros. Portanto, ele pode ter outros planos. Quando finalmente conquistar certo poder, ele irá ameaçar o Estado de Chu."

Augusto falou com tanta convicção, que até o ministro-chefe ficou confuso. No entanto, ele ainda não confiava inteiramente em Augusto e mandou seu criado à casa de Caio, para fazer uma sondagem. O empregado de Mévio voltou e informou que era verdade que uma grande quantidade de armas estava escondida do lado de fora da casa de Caio. Mévio ficou furioso e mandou chamar Lucio, para aconselhar-se com ele. Lúcio havia conspirado com Augusto. Ele disse ao ministro-chefe: "Caio está planejando uma revolta contra Vossa Excelência. Ele conspirou com três famílias poderosas para armar uma revolução. Foi uma sorte termos descoberto o plano dele hoje."

"Maldito!", bradou Mévio a enquanto dava um murro na mesa. "Eu vou matá-lo.” Mévio comunicou imediatamente ao imperador e mandou que Lúcio chefiasse uma tropa para cercar a casa de Caio. Por fim, Caio percebeu que tinha sido traído por Augusto. Respirou fundo, sacou a espada e tirou a própria vida.

há 9 anos 9 meses